Do you appreciates your life?
A primeira oportunidade que tive de abrir os olhos , eu já desejei que não os tivesse aberto.
Eu sabia que havia acontecido algo de estranho aquela hora. Só não imaginava que eu estaria aqui.
Ao lado podia ver meu pai ainda sonolento observando a escuridão do quarto, ele estava com as mãos cruzadas apoiado á parede, respirando alto o suficiente para ser o único som a se ouvir no quarto.
Com cuidado me levantei. Droga!
Eu sabia, sempre quando alguém para nesses malditos hospitais acaba sendo internado, como se soro fosse a unica solução. Quando peguei no pulso, vi que a agulha havia escapado, e que o sangue estava subindo pelo tubo. Ver sangue me deixava tonta. Logo as coisas foram acontecendo rápidas, como um baque.
As enfermeiras vieram , furaram a veia do braço direito, no dia seguinte vieram coletar sangue para análise.
2° dia tiveram de coletar mais sangue. 3° o mesmo. O 4° dia, era véspera de natal, todos estavam preocupados
com suas familias, como ia ser a ''festa''. Enquanto eu esperava ansiosamente pelo diagnostico.
Eu tinha horror a hospitais, pessoas diariamente morrendo, ou sofrendo. Principalmente sofrendo, assim como a primeira vez que eu vi alguém morrer sofrendo no leito de um hospital, a minha mãe.
Meu pai estava com muito medo. Medo de que a mesma tragédia se repetisse comigo, eu estava com mais medo ainda, mas tinha de ser forte, ele podia não estar sentido a dor, mas sofria muito por mim.
'' Vai ficar tudo bem pai, eles vão me curar''.
Mas quando eu permanecia inconsciente, o quarto branco e silencioso esbanjava pessimismo e medo.
As vezes aquele silencio me deixava com medo. Eu via pessoas desconhecidas andando por ai, todas queriam a minha compania,
disseram que iam me buscar, mais cedo ou mais tarde.
Era nessas horas que eu sentia vontade de fugir dali, mesmo com o braço furado.
Acontece que você não pode fugir da morte. Pode adiá-la, mas uma hora ela vem te buscar, e não há compromisso e missão que impeça de ir.
Ela buscou a mamãe. A morte veio calma e silenciosa buscá-la, e não havia nada que a impedisse de levar aquela alma.
Então ela foi embora, deixando duas pessoas que necessitavam muito dela, que perderiam muito com a partida dela, e que sofrem até hoje.
Hoje, amanhã, ou depois pode ser o meu dia, não pode? Estou com medo de abandonar meu pai. E depois eu fique com medo de ele me abandonar.
[...]
No 7° dia, houve um alivio , o resultado havia aparecido. Eis o diagnostico: Baixa imunidade.
O médico se sentiu mais calmo quando abriu o exame e nos deu a resposta.
Ele explicou calmamente que o estresse causou a baixa imunidade. Mas que deveria ter mais cuidado com a minha vida,
um dia, meu corpo pode adoeçer seriamente.
Sai mais animada do hospital, mesmo que ainda tivesse de usar máscara, já era algum avanço.
Mas eu percebi que depois daquilo uma decisão deveria ser tomada, com relação a mim.
Mesmo que eu não estivesse com nada sério, eu ganhei uma chance, de valorizar a minha vida, saúde, os meus
ultimos dias de vida.
Postado por: Leticia Borges