Páginas

terça-feira, 21 de setembro de 2010

~ Eternidade



 Chovia fracamente enquanto caminhávamos noite adentro.
 Por cada poste pelo qual passávamos, éramos iluminados foscamente por sua luz, depois voltávamos para a escuridão, não tínhamos uma direção para seguir, apenas seguíamos em frente, somente nós dois no vazio da noite, como dois fantasmas contemplando o infinito.
Não consigo guiar meus olhos até você, e acho que você sente o mesmo, tenho medo de olhar-te, só isso...
 Sinto-me tão vazia, caminhando ao seu lado sem dizer uma mínima palavra e sem ao menos fita-lo nos olhos, a minha maior vontade era de te dizer que nada do que aconteceu me importa mais e que o que sinto por você não mudou em nada.
 Continuamos assim, lado a lado, juntos, mas distantes e isso é atormentador, te ver e não te tocar, te sentir aqui ao meu lado e não fazer nada, inteiramente nada...
 Quando olho para cima, para as luzes dos postes, vejo os finos pingos de chuva que caem e tento me concentrar neles, me esquecer do que está acontecendo aqui e agora, mas isso é impossível, eu sinto você se distanciar cada vez mais, vejo sua sombra no chão, mas temo te olhar.
 Sinto como se estivéssemos presos na eternidade, sinto como se isso jamais fosse acabar, a única coisa que ainda me conforta é que apesar de tudo ainda caminhamos juntos.
 Perdi a noção de quanto tempo se passou, mas andaria a seu lado até meu ultimo suspiro, não conseguiria te deixar continuar caminhando sozinho, e sei que você faria o mesmo por mim.
 Faria qualquer coisa para ver o seu sorriso novamente, saber o que está se passando pela sua cabeça, saber em que está pensando e o que está sentindo agora.
 Não consigo mais continuar com esse tormento, preciso dizer algo, preciso fazer algo, qualquer coisa que seja.
 Quando me dou conta do que estou fazendo, percebo que estou caminhando na direção oposta a sua, posso sentir seu olhar de desapontamento me seguindo por onde vou, pensando que eu desisti de acompanhá-lo, eu preciso voltar, voltar para o seu lado, mesmo que continuemos andando eternamente, sem proferir nenhuma palavra, isso seria muito menos doloroso do que saber que te abandonei assim...
 Me viro lentamente e vejo-o parado ao longe, fitando-me com um semblante vazio, eu preciso voltar...
 Caminho calmamente até você, paro na sua frente, e olho-o nos olhos, os olhos que eu evitará olhar até agora, os olhos azuis que me lembram das mais lindas e calmas águas, eu preciso dizer algo, mesmo que seja qualquer tolice, mas a única coisa que consegui dizer foi:
_ “seus olhos...”
 Ouvindo isso, você me olhou e sorriu dizendo:
_ “O que têm eles?”
Eu respondi:
_ “São azuis...”
 E nesse exato momento, senti como se tudo tivesse voltado a sua mais perfeita ordem, como se nada disso tivesse acontecido, me senti muito aliviada interiormente.
 Olhamos um para o outro, demos as mão e continuamos caminhando juntos, não sei por quanto tempo mais, talvez até... Eternamente.

postado por: Tamyres Pfeifer

Nenhum comentário:

Postar um comentário